Trabalho apresentado no CONCEVEPA 2008


USO DE TELA DE POLIPROPILENO ASSOCIADA À MEMBRANA DE QUITOSANA NA REDUÇÃO DE HÉRNIA INCISIONAL ABDOMINAL EM CÃO. RELATO DE CASO.
Luciano Schneider da SILVA1, Neusa Margarida PAULO2, Ângela Maria MORAES3, Ashbel Schneider da SILVA4, Carolina Castro Lyra da SILVA4, Caroline Fleury CANESIN4, Ingrid Bueno ATAYDE5
1.Prof. Adj. Técnicas Cirúrgicas e Médico Veterinário – HVET/ASSOBES/GO, Doutorando - Ciência Animal EV/UFG, Goiânia, Goiás, Brasil. luciano.schneider@gmail.com.
2.
Prof. Adj. Cirurgia, Departamento de Medicina Veterinária, Escola de Veterinária (EV)-UFG, Goiânia, GO/Brasil.
3. 
Departamento de Processos Biotecnológicos da Faculdade de Engenharia Química da UNICAMP, Campinas, SP/Brasil.
4. 
Acadêmico de Medicina Veterinária, Escola de Veterinária – UFG, Goiânia - GO.
5.
Doutora em Ciência Animal – EV/UFG, Profa. Titular de Fisiologia e Médica Veterinária– HVET/ASSOBES-GO.
RESUMO
A hérnia incisional acontece pelo afastamento progressivo das bordas musculares incisadas, provocando abaulamento ventral, desconforto, insuficiência respiratória, estrangulamento intestinal, distrofias e úlceras de pele. A quitosana vem sendo usada como membranas biodegradáveis no tratamento de ferimentos na pele, na córnea e no tecido nervoso, verificando-se atividade: cicatrizante, angiogênica, antimicrobiana, coagulante e analgésica. Foi atendido no Hospital Veterinário EV/UFG, uma cadela da raça Pit Bul, com 7 anos de idade, pesando 36 Kg, que apresentava uma hérnia incisional ventral recidivante. O paciente foi submetido à anestesia volátil e em seguida procedeu-se com a excisão do saco herniário, dissecação e remoção dos tecidos aderidos ao anel. Sobre o anel herniário foi fixada uma tela circular de polipropileno, com 10 cm de diâmentro, revestida em uma das faces com membrana de quitosana. O tecido subcutâneo foi aproximado e realizada a dermorrafia. O paciente foi avaliado clinicamente até 9 meses depois e não foi constado recidiva da hérnia. Portanto a tela de polipropileno associada a membrana de quitosana foi eficiente na cicatrização ferida e sustenção da parede abdominal, sendo indicada na resolução das hérnias incisionais abdominais em cães.
Palavras chaves: biomaterial,cães, hernioplastia.
REVISÃO DE LITERATURA
A prevalência da hérnia incisional na medicina veterinária tem sido de até 16% em grandes animais, sendo que em pequenos animais ainda é pouco relatada (RAISER, 1999). A hérnia incisional aguda geralmente ocorre dentro dos primeiros cinco a sete dias após a cirurgia. Neste tempo poderá ocorrer evisceração decorrente da deiscência, pela falta da cicatrização adequada ou da técnica operatória deficiente (JOHNSTON, 1990). Já a hérnia incisional crônica poderá ser notada semanas ou anos mais depois do procedimento cirúrgico, mesmo que a ferida abdominal já esteja cicatrizada (SMEAK, 1993a). Ela acontece pelo afastamento progressivo das bordas musculares incisadas, provocando abaulamento ventral, desconforto, predisposição à insuficiência respiratória, estrangulamento intestinal, distrofias ou mesmo úlceras de pele (MELO et al., 2005).
As telas de material sintético inabsorvível, como a de polipropileno, conferem maior resistência à parede abdominal, sendo usadas como próteses para corrigir os defeitos anatômicos provocadas pelas hérnias, por isso são indicadas inclusive nos processos infecciosos (GRECA et al., 2001). A quitosana é uma dessas possibilidades, sendo um biomaterial composto por unidades D-glicosamina, derivado da quitina, que vem sendo usado como filmes e membranas poliméricas biodegradáveis no tratamento de ferimentos na pele, na córnea e no tecido nervoso, verificando-se atividade: cicatrizante, angiogênica, antimicrobiana, coagulante e analgésica (PINEDO, et al. 2001; SILVA, et al. 2006; COSTA,et al. 2006).
DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da UFG, uma cadela da raça Pit Bul, com 7 anos de idade, pesando 36 Kg, que apresentava uma hérnia incisional ventral recidivante. Segundo o proprietário o animal foi submetido meses atraz a duas laparotomias, uma para realilização de uma ovário histerectomia e outra para correção de hérnia incisional. A hérnia recidivou 3 meses depois e o caso foi encaminhado ao Grupo de Cirurgia Experimental com Biomateriais da EV/UFG.
O paciente foi pré anestesiado com acepromazina 0,2% e cloridrato de tramadol, induzido com propofol e mantido na anestesia com halotano por 2 horas. Na cirurgia foi removida a pele e o saco herniário que se formaram sobre o anel herniário que possuia uma extensa área inflamatória e fibrótica, com aderências de epiplo e mesentério intestinal. A aréa fibrótica do anel foi removida e as aderências desfeitas. As bordas foram aproximadas com suturas simples em U, sobre as fascias musculares. Em seguida depositou-se sobre o ferimento a menbrama de quitosana de 10cm diâmetro e sobre ela a tela circular de polipropileno de 14 cm de diâmetro. A tela de polipropileno foi fixada com pontos em X sobre a quitosana e nas bordas foi aplicada uma sutura contínua simples, usando foi de polipropileno 2,0. A sutura de pele foi ralizada com nailon 2,0 utilizando com padrão interrompido simples. Foi mantida antibiótico terapia (cefalexina) por 7 dias e analgesia (4dias) pós-cirurgia. Os pontos foram retirados 15 dias após a cicatrização do ferimento.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
O paciente foi avaliado 4 meses e 9 meses após a cirurgia e não houve recidiva da hérnia. Acreditamos que as propriedades da quitosana (PINEDO, et al. 2001; SILVA, et al. 2006; COSTA,et al. 2006) ajudaram na boa cicatrização da parede abdominal e associada a tela de polipropileno (GRECA et al., 2001) que promoveu a sutentação da musculatura abdominal, juntas impediram que a hérnia recidivasse novamente. Portanto a tela de polipropileno associada a membrana de quitosana foi eficiente na cicatrização ferida e sustenção da parede abdominal, sendo indicada na resolução das hérnias incisionais abdominais em cães.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, T. A. C.; ANDRADE, A. L.; BINOTTO, T. E.; PLEPIS, A. M. G.; BEVILACQUA, L.; SOUZA, W. M. Clinical and morphometric evaluations of the angiogenic capacity of chitosan membrane in rabbit corneas. Arq Bras Oftalmol, v.69, n.6, p.817-821, 2006.
GRECA, F.H.; PAULA, J.B.; BIONDO-SIMÕES, M.L.P.; COSTA, F.D.A.; SILVA, A.P.G.; TIME, S.; MANSUR, A. The influence of differing por sizes on the biocompatibility of two polypropylene meshes in the repair of abdominal defects: study in dogs. Hernia, v.5, p. 59-64, 2001.
JOHNSTON, D.E. Care of accidental wounds. Vet Clin North Amer, v. 20, n. 1, p. 27-46, 1990.
MELO, R. M, GOUVÊA; C. M. C. P; SILVA, A. L. Efeito do ultra-som na prevenção da hérnia incisional mediana no rato.
Acta Cir Brás, v. 20, n.1, p. 100-108, 2005.
PINEDO, U. G.; DELGADO, C. F.; DELLAMARY, F.; GALINDO, J. M.; PÉREZ, O. G.; CONTRERAS, A. M.; PINEDA, J. B.; GARZÓN, P.; RUIZ, A. N.; LUQUÍN, S.; ISLAS, M. M.; ESTRADA, J.G. Utilización de prótesis de quitosana y silicona en la regeneración del nervio ciático axotomizado de ratas.
Arch Neurocien Mex, v. 6, n.4, p.184-193, 2001.
RAISER, A. G. Hérnia pós-incisão em cães e gatos.
Ciência Rural, v. 29, n. 4, p. 689-695, 1999.
SILVA, H. S. R. C.; SANTOS, K. S. C. R; FERREIRA, E. I. Chitosan: hydrossoluble derivatives, pharmaceutical applications and recent advances. Quím Nova, v. 29, n. 4, p. 776-785, 2006.
SMEAK, D.D. Abdominal hernias. In: SLATER, D.H. Textbook of small animal surgery.
2. ed. Philadelphia: Saunders, c.36, p. 433-454, 1993a.

Comentários

Unknown disse…
Que lindoooooo... esse é o verdadeiro amor