HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA EM CÃO


Luciano Schneider da SILVA ¹, Denise Gonçalves TEIXEIRA ², Melânia P. de Oliveira FRAUZINO2, Laisa Buenos REIS 3

¹Doutor em  Patologia Clínica Cirúrgica (EVZ/UFG), Médico Veterinário Cirugião da CVB, Goiás, Brasil. luciano.schneider@gmail.com
² Acadêmicas de Medicina Veterinária (HVET/EVZ/ UFG), GO/Brasil.
3 Médica Veterinária Residente (HVET/EVZ/ UFG), GO/Brasil.



Revisão de Literatura

     O diafragma é um músculo que separa a cavidade torácica da cavidade abdominal. O termo hérnia serve para descrever a situação em que alguns órgãos estão deslocados da sua posição anatômica normal. Assim, na hérnia diafragmática alguns órgãos abdominais, tais como o fígado, estômago e alças intestinais, deslocam-se para a cavidade torácica através de uma abertura no diafragma. A hérnia diafragmática decorrente de trauma é a forma mais prevalente entre as hérnias diafragmáticas em cães e gatos, sendo as decorrentes de acidente automobilístico, as mais frequentes seguidas de quedas, chutes e briga (RAISER, A.G., 1994; FOSSUM, 1997; HAGE, 2001).
     Existem dois tipos de hérnia diafragmática, as verdadeiras cujas vísceras estão contidas dentro de um saco herniário como as hénias peritônio-pericárdicas, hérnia de hiato e hérnia pleuro-peritonial congênita, e as hérnias diafragmáticas falsas onde as vísceras estão soltas no espaço pleural, neste tipo temos a ruptura diafragmática e o defeito diafragmático congênito. (FARROW, C.S. et al, 1983). As rupturas diafragmáticas acometem mais cães que gatos na faixa etária de 1 a 2 anos e sem raça definida (BOUDRIEAU e MUIR, 1987; DALECK,C.R et al, 1988).
     Os sintomas dependem da severidade da ruptura e da quantidade de vísceras  abdominais presentes no tórax. A dispnéia é o distúrbio respiratório mais comum descrito na literatura, outros sinais incluem inquietação, estação com relutância em deitar ou andar. O inicio dos sintomas pode ser imediato ou retardado podendo aparecer após semanas (WILSON, G.P et al, 1991)
     A radiografia é imprescindível para confirmação do diagnóstico (LEVINE, S.H. 1987). As radiografias contrastadas promovem maior desconforto respiratório e são indicadas somente quando a radiografia simples não for confirmativa e a ultra-sonografia não estiver disponível. O transito gastrintestinal é a técnica contrastada mais citada na literatura (PARK,R.D,1998)
     O tratamento indicado é a correção cirúrgica da ruptura e o prognóstico é reservado.  As abordagens cirúrgicas mais utilizadas são a laparotomia pela linha média e a toracotomia intercostal. A escolha será determinada pela capacidade de localizar o lado da ruptura e a sua cronicidade, com relação às aderências torácicas (JOHNSON,K.A, 1993).


 
Relato de caso

     Um canino, macho, Boxer, com cerca de 5 meses de idade foi atendido após acidente automobilístico. O Animal encontra-se dispneico e prostrado, mas sem lesões externas aparentes de trauma.



     O paciente foi radiografado e detectou-se uma massa radiopaca na cavidade torácica e perda da definição da linha diafragmática. O paciente foi oxigenado e estabilizado com fluido terapia. Realizou-se uma laparotomia mediana associada à incisão paracostal direita para melhor acessar o lado da ruptura diafragmática.
     Durante o procedimento cirúrgico verificou-se que o fígado havia ocupado todo o lado direito do tórax. Após o reposicionamento hepático, procedeu-se com a frenorrafia e laparorrafia. O paciente recuperou-se bem após o procedimento e encontra-se saudável, em casa, juntos aos seus proprietários.
      O paciente foi radiografado e detectou-se uma massa radiopaca na cavidade torácica e perda da definição da linha diafragmática. O paciente foi oxigenado e estabilizado com fluido terapia. Realizou-se uma laparotomia mediana associada à incisão paracostal direita para melhor acessar o lado da ruptura diafragmática.
     Durante o procedimento cirúrgico verificou-se que o fígado havia ocupado todo o lado direito do tórax. Após o reposicionamento hepático, procedeu-se com a frenorrafia e laparorrafia. O paciente recuperou-se bem após o procedimento e encontra-se saudável, em casa, juntos aos seus proprietários.









REFERÊNCIAS

BOUDRIEAU, R.J.; MUIR, W.W. Pathophysiology of traumatic diaphragmatic hernias in dogs. The compendium on continuing education for the practicing veterinarian, v.9, n.4, p.379 – 386.1987.
DALECK, C.R. DALECK, C.L.M. PADILHA FILHO, J.G.; ALESSI, A.C. COSTA NETO, J.M. Substituição de um retalho diafragmático de cão por peritônio bovino conservado em glicerina: Estudo experimental. Ars veterinária, v.4, n.1, p.53-61, 1988.
FARROW, C.S. Radiographic diagnosis of diaphragmatic hernias. Modern Veterinary Practice, v.64, n.12, p.979-982, 1983.
FOSSUM, T.W. et al. Small animal surgery. Copyright 1997 by Mosby- Year Book, Inc. v.27, p. 682-685.
HAGE, M.C.F.N.S.; IWASAKI, M. Contribuição ao estudo radiográfico das rupturas diafragmáticas em cães e gatos. Clínica Veterinária, São Paulo, n.35, p.36-50, 2001.
JOHNSON, K.A. Diaphragmatic, pericardial and hiatal hernia in: SLATTER, D. Textbook of small animal surgery. V.1, 2.ed. Philadelphia: W.b. Saunders, p.455-470. 1983.
LEVINE, S.H. Diaphragmatic hernia. Veterinary clinics of North America: Small AnimalPractice, v.17, n.2, p.411-430, 1987.
PARK, R.D.The Diaphragm. In: THRALL, D.E. Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology. 3. Ed.Philadelphia: W.B.Saunders, p.294-308, 1998.
RAISER, A.G. Herniorrafia Diafragmática em cães e gatos. Relato de 22 casos e proposição de técnica para corrigir rupturas freno- costais. Braz J Vet Res Anim Sci, São Paulo, v. 31, n. ¾, p. 245-251, 1994
WILSON,G.P.; MUIR,W.W. Hernia diaphragmatic. In: BOJRAB, M.J. Cirurgia dos pequenos animais. 2. Ed, São Paulo: Livraria Roca, 1991. p.455-449.

Comentários

cirurgia disse…
Parabéns vc é um grande Professional!
lembrando!! fui seu aluno e um dia serei seu grande concorrente, com muita fé em DEUS. rsrsrsr um abração felicidades.

Atenciosamente: Paulo H Martins
(O farinha) kkkkk.
Alessandra disse…
O meu cachorro passou por doia atropelamentos antes de retirá-lo da rua. Ele está comigo desde dezembro de 2006. no dia que tirei ele da rua ele tinha sido atropelado, eu achei que os mendigos tivesses dado uma surra nele, fiquei sabendo do seu atropelamento 17:00 da tarde e fui socorrê-lo após o meu expediente de trabalho, Pois bem, isso faz quase 6 anos e agora ele está passando mal, levei ao veerinário e o mesmo disse que meu cachorro está com Hérnia diafragmática. Estou preocupada em fazer essa cirurgia, me ajudem.... Faço ou não faço...Tenho medo.... alessandra - 7378-6224
Alessandra, se houve diagnóstico Médico Veterinário de que seu animal tem uma hérnia diafragmática ele deve ser operado ok. Mas... só depois de seis anos ele veio passar mal? Qual o órgão herniado? Entre no meu face e nós conversaremos ok:
http://www.facebook.com/proflucianoschneider
Ma disse…
Olá Dr.Luciano, minha bulldog ingles teve uma cria a 12 dias, e no decimo dia um de seus filhotes apresentou sintomas de falta de ar, boca arroxeada e contração abdominal, a veterinaria acredita que seja hernia diafragmatica congenita, mas ainda acha cedo para fazer rx. Ficamos muito chateados, pq além dele ser lindinho é um bebezinho forte e que mama bastante, porem passa bastante mal qdo dá a crise respiratoria.Ela acha ser congenita, mas será que não é de pegarmos no colo?O que se pode fazer para amenizar as crises?