CIRURGIA PLÁSTICA RECONSTRUTIVA DO MEMBRO POSTERIOR DE UM CÃO COM FLAP PEDICULADO DE TRANSPOSIÇÃO

RECONSTRUCTIVE PLASTIC SURGERY OF A DOG POSTERIOR LIMB WITH TRANSPOSITION PEDICULATED FLAP

Luciano Schneider da Silva1, Severiana Cândida M. da Cunha2, Laura de Oliveira Cortines4, Melânia Priscylla de Oliveira Frauzino4, Jalily Bady Helou3, Carolina Castro Lyra da Silva3.
1Professor do Setor de Clínica e Cirurgia da EVZ/UFG – lucianoschneider@gmail.com
2Médica Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás – UFG.
3Residente do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás - UFG.
4Acadêmica de Medicina Veterinária da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFG.
DESCRITORES: cão, dermoplastia, necrose.
ABSTRACT
 Bone fractures complications reduced by external fixture may lead to large areas of cutaneous necrosis. In this case, the reconstructive plastic surgery with pediculated flap was important to a great and fast skin healing. The cutaneous wound reparation made the injury environment propitious to the recovery of the muscular and adjacent osseous tissues and the use of a vacuum drain allowed an adequate adhesion of the graft to the receptor place. The result was complete reparation in a small time.
Key words: dog, dermoplasty, necrosis.

INTRODUÇÃO
O uso prolongado do fixador externo com mobilidade excessiva na interface pino-osso pode predispor a formação de necrose tecidual e conseqüentemente o surgimento de infecção, podendo levar a extensas áreas de formação de solução de continuidade da pele (SLATER, 2007). O tratamento conservador costuma ser prolongado e de custos elevados. A cirurgia plástica reconstrutiva nesses casos é uma opção interessante, pois diminui o tempo de tratamento e confere melhor estética e função a área lesionada. Neste trabalho será relatado a importância da reconstrução plástica cutânea do membro posterior de um cão, utilizando a técnica de flap pediculado cutâneo de transposição.

DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido o cão Lupy, sem raça definida, de 4 meses, pesando 5,10 kg, com histórico de atropelamento e osteossíntese por fixação externa no fêmur e tíbia direitas. Foi constatado no exame clínico a presença de solução de continuidade da pele na região medial do membro pélvico direito e necrose óssea de parte da fíbula. Decidiu-se então realizar reconstrução plástica cutânea do membro depois da retirada dos fixadores externos. Como medicação pré-cirúrgica, foi prescrito Azicox-2 50mg (azitromicina + meloxicam, Ourofino), na dose de um comprimido, uma vez ao dia durante cinco dias antes do procedimento cirúrgico.
A retirada dos fixadores externos com o auxilio de um torquês, limpeza da ferida solução de ringer com lactato associada a 0,5% de iodopovidine e retirada dos tecidos necróticos (pele, músculos e segmento ósseo) foram preconizados para a formação do sítio receptor do enxerto a ser reparado. Foi realizado a incisão do sítio doador do retalho cutâneo pediculado na face lateral direita da região tóraco-abdominal, obtendo-se flap com 15 cm de comprimento e 7 cm de largura. Procedeu-se a rotação do flap em ângulo de 90º e aproximação de suas bordas ao defeito utilizando pontos simples separados com fio de ácido poliglicólico 3-0. Realizou-se técnica de walking suture para aproximar as bordas do defeito da região doadora do retalho cutâneo, usando fio ácido poliglicólico 3-0. Para evitar seroma, utilizou-se colocação dreno a vácuo confeccionado a partir de seringa plástica de 20ml e sonda uretral nº8. A dermorrafia foi realizada com pontos simples contínuos reforçados com pontos simples espaçados, com fio de Nylon 4-0.
No pós-operatório, foi prescrito Azicox-250mg (azitromicina + meloxicam, Ourofino), na dose de um comprimido, uma vez ao dia durante cinco dias e tramadol comprimidos na dose de 2mg/kg, três vezes ao dia durante cinco dias. A limpeza da ferida cirúrgica com solução fisiológica e a troca das bandagens foram realizadas diariamente, assim como o esvaziamento do dreno. Sete dias após a cirurgia foi realizada a retirada do dreno e depois de mais oito dias foi realizada a retirada dos pontos de pele. Não foi observado nenhum foco de necrose ou infecção.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a reparação do defeito formado, as técnicas de retalho cutâneo permitem ao cirurgião o fechamento adequado da ferida (FOSSUM, 2008). O flap pediculado de transposição permite a mobilização de pele adicional quando girados em um ângulo de 90º sobre a ferida. A vitalidade e a incorporação dos retalhos cutâneos são fundamentais para o sucesso terapêutico de técnicas reconstrutivas, sendo que os retalhos cutâneos pediculados são capazes de aumentar a vascularização das áreas lesionadas (ALMEIDA et al., 2004). A cicatrização bem sucedida do enxerto depende da neovascularização e da drenagem adequada do exsudato. Segundo SAKUMA et al. (2003), os drenos de pressão negativa são eficazes na prevenção de seroma.

CONCLUSÃO
O emprego da técnica de flap pediculado foi eficaz na correção de solução de continuidade de pele. O uso de dreno de pressão negativa propiciou a recuperação da lesão e dos tecidos adjacentes como músculos e osso da tíbia.

Referências
ALMEIDA, K. G.; FAGUNDES, D. J.; MANNA, M. C. B.; MONTERO, E. F. S.; Ação do dimetil-sulfóxido na isquemia de retalhos randômicos de pele em ratos. Acta Cirúrgica Brasileira, São Paulo, v.19, n.6, p.649-657, 2004.
FOSSUM, T. W. et al.; Cirurgia de pequenos animais. 3. ed. Rio de Janeiro: Mosby Elsevier, 2008.
SLATTER, D.; Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3. ed. São Paulo: Manole. v.1, 2007.

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